Por Dra. Heloiza Helena Teixeira Ramos

Ao optamos por ter uma carreira como profissional liberal e médica, criamos muitas expectativas e investimos anos de estudo, dedicação, renúncias e trabalho árduo. Mas às vezes os frutos que colhemos não nos bastam como pessoa e como mulher. Apesar dos tempos modernos, muitas de nós ainda sentem necessidade de se realizarem também como mães. Surge então a pergunta: como conciliar as duas coisas?

Quando este tema me foi proposto, refleti que, mesmo após tantos anos, ainda não descobri a fórmula ideal. Acredito que como mães, queremos sempre dar sempre o melhor de nós pelos nossos filhos. Como médicas, buscamos também dar o melhor de nós aos pacientes (razão de ser da nossa profissão), ao consultório como empresa e aos nossos funcionários. Porém nem sempre é fácil conciliar os horários de trabalho com reuniões escolares, festinhas de aniversário, viroses, doenças de crianças, braços quebrados, etc. Vejo muitas reportagens nos diversos meios de comunicação mostrando aquelas supermães que se desdobram em mil e estão sempre perfeitas, lindas, maquiadas, sem olheiras, bem penteadas, bem humoradas, cheias de paciência e amor para distribuir. Mas será que tudo isso é possível na vida real? Confesso que não cheguei a este estágio de perfeição…  Longe disso.

No meu dia a dia me sinto como uma malabarista, equilibrando várias bolas ao mesmo tempo. Às vezes uma delas cai, mas a gente pega e começa tudo de novo. Assim é minha vida de médica-mulher-mãe. Procuro não levar trabalho para casa, ou problemas de casa para o trabalho. Nem sempre funciona, mas boa parte das vezes dá certo. Também acho essencial ter ajuda em casa e no trabalho, e sou imensamente grata por ter ótimas colaboradoras e as amigas para todas as horas. Uma das coisas que aprendi com a maternidade, foi a humildade de contar com a ajuda dos outros em vários momentos da vida. Por mais independente que sejamos, sozinhas não vamos longe nesta dupla (às vezes tripla) jornada de vida.

Como profissional, sempre procuro dar o melhor de mim; como mãe também. Às vezes sobra muito pouco de mim para mim mesma, mas encaro isso numa boa, como uma fase da vida. Tudo é passageiro e temos que estar em constante adaptação.

O importante é chegar ao fim do dia com a sensação de trabalho bem feito “em dobro”.